Esse titulo/tema surgiu numa conversa entre mim e meu
namorado, estávamos barfilosofando* (pra variar) sobre a humanidade.
Falávamos sobre como algumas pessoas fazem de tudo para não
serem elas mesmas ou por algumas horas viverem uma realidade que não é sua.
Ou, algumas pessoas, que preferem viver o mínimo de um
relacionamento do que o máximo da felicidade. Ou seja, ela prefere viver um
relacionamento deteriorado, ruim, péssimo, onde o amor já foi embora de mala e
cuia faz tempo, e o que ficou foi a passividade de mãos dadas com o comodismo.
A primeira se diz respeito aos alpinistas
sociais/sentimentais/poser. A pessoa que não nasceu em berço de ouro, mas
pintou o seu de amarelo e acha (ilusoriamente) que dorme em um. Ela tem meia
dúzia de amigos razoavelmente bem sucedidos ou (sub)famosos e sente como se
fosse um ou muito abençoado por estar nesse meio, privilegio, para poucos, eu
posso, sou da “finese”.
Mas aí quando este cidadão retorna a sua realidade, sua casa
e sua cama, ele vê que sua vida é outra, sem luzes, sem flashs, sem “glamour” e
não passa de mais um entre milhões de desconhecidos por aí. E sofre.
Deve ser muito difícil viver assim, um paradoxo, viver entre
dois mundos e o pior, o mundo real esse fica bem mais difícil de se viver de
aguentar, porque esse é o que vale de verdade é dele que você depende, então
fica eternamente inconformado com o que tem e daí prefere viver ou usa como
válvula de escape o seu mundinho de ilusão.
Já o segundo grupo, os parasitas emocionais (isso é bem
forte mas não consigo descrever de outra forma) ou encosto ou até mesmo os humanos obsessores,
aqueles que mesmo na infelicidade, não movem um dedo para sair do lugar. Esses
que mesmo vivendo um inferno de relacionamento, não largam o osso.
Subsistência emocional ou afetiva, para mim, nada mais é
que, viver de migalhas, viver o mínimo, viver com pouco. Pessoas que não são
mais felizes que não estão mais felizes e mesmo assim simplesmente mantem-se,
continuam. Sempre achei que a vida é uma eterna evolução. Regredir ou estagnar
não é viver, não faz parte desse verbo e verbo é movimento.
Hoje em dia é muito mais fácil identificar isso, basta você
abrir as suas redes sociais e ver alguns posts, muita gente bota foto e faz
declarações lindas, emocionantes de amor, não digo só no relacionamento
afetivo, mas em tudo, seja no “mãe eu te amo” mas em casa não respeita a mesma,
ou “filho amor eterno minha vida” mas não perde 10 min da vida pra ir dar uma
volta no parque com a criança. Aqui, não coloco em duvida o amor de ninguém,
mas abro um questionamento para aquelas que não vivem o que dizem ou que
postam.
Sim, eu posto declarações e posto frases eu posto fotos e
procuro sempre me vigiar e respeitar os meus sentimentos e as outras pessoas,
principalmente as que me conhecem, para que eu não me engane e muito menos
engane. Porque felicidade mesmo não se posta se vive.
Então que paremos de viver de subsistência emocional, de
viver de migalhas, de viver querendo mostrar o que não somos o que não temos. Apenas
viver o que nos cabe neste latifúndio.
Enquanto escrevia esse texto, uma música não saia da minha
cabeça. Então aí vai: Admirável Gado Novo – Zé Ramalho.
* Barfilosofando e/ou
barfilosofar: grupo de pessoas reunidas em um bar ou mesa de bar ou bebendo e
conversando sobre a vida, pessoas, sentimentos e afins. (nota e invenção da
autora)
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